Sobre o que mesmo?
Provavelmente a maioria dos que clicarem na aba “Sobre” esperam
encontrar aqui um espaço onde discorro sobre minha vida, desde qual minha
formação profissional até quais meus objetivos futuros, passando por uma breve,
porém pitoresca, rememoração da minha infância, período no qual provavelmente
afirmarei que iniciou o meu interesse pela literatura e pela escrita.
Não vou falar nada disso. Pode retornar a leitura do blog
que é o mais interessante! Vai por mim!
Por quê?
Bem, não é por que eu esteja com preguiça de falar sobre mim
mesma. Sou prolixa até demais às vezes, mas penso que essa enxurrada de
informações não faz qualquer diferença, pelo menos não por agora. A diferença é
você, leitor, gostar ou não, se identificar ou não, perceber algo relevante ou
não. Certo Roland Barthes disse uma vez que a unidade de um texto não está no
seu autor, nem nas vivências que ele teve e nem no que ele pretensamente quis
dizer com seu texto. Se fosse assim a literatura perderia parte do seu encanto,
pois após se descobrir o que o autor quis dizer, após cada obra após ser
“decifrada” seria guardada em uma estante escondida de alguma imponente
biblioteca das grandes obras literárias. E toda vez que alguém se aventurasse a
pegar aquele volume antigo (ou não tão antigo assim, mas igualmente
intimidador) e folhear suas páginas não veria nada de novo, nada além do que já
foi dito, nada além do que já foi pensado, nada além do que é esperado.
Mas não é assim, não é verdade? Cada vez que relemos um
texto descobrimos coisas novas, percebemos nuances que antes não tínhamos percebido,
enxergamos uma nova luminosidade que pode ser quente como o sol de uma tarde de
janeiro ou pode ser clara e fria como a luz das primeiras horas das manhãs de
julho. Percebemos uma nova visão daquilo que lemos, tão diversa da que tínhamos
antes e por isso mesmo tão instigante. O
tal do Barthes disse, e eu acho que ele sabe das coisas, que o texto se revela
em sua totalidade no seu destino, ou seja, em você, leitor. É você que vai
completar os meus rascunhos com as suas vivências, os seus pensamentos, os seus
desejos, as suas leituras. Então leia. Quem eu sou não importa.
Mas se você quiser mesmo saber quem eu sou, posso dizer que
sou o borrão de tinta no canto da última página, a mancha clara entre os dois
parágrafos iniciais, o papel amassado perdido no meio de tudo. Eu sou o
irrelevante, mas se quiser você pode tentar me ler nas entrelinhas.
***
Você ainda está ai? Já vi que é
do tipo que não desiste, né?
Bom, caso ainda haja algum anseio em conhecer quem escreve
este blog ou bater um papo sobre algum dos textos, não hesite em me mandar um e-mail
(sahfguerra@gmail.com) ou me adicionar
no MSN (sahfguerra@ymail.com) Não se
esqueça de se identifique, certo? Vou gostar bastante de saber quais impressões
esses rascunhos causam por ai.