Parte cinco do conto longo "Canção para Melusine"
Antes de ler este aqui é melhor começar pela parte I Neste link , a parte II Neste link, a parte III Neste Link e a parte IV Neste Link.
V
Grandes corredores submersos.
Colunas de pedra azulada. Chão coberto de aguas marinhas. Esqueletos
descarnados, tão brancos, ocultos entre conchas e anêmonas, mexilhões
acomodados entre costelas e caranguejos arranhando fêmures. Pequenos peixes
comensais flutuando. Aguardando pelas sobras. Pedaços de cor no azul instável.
Tão bonito e tão terrível. A menina serpente nadava, imprimia mais velocidade,
ganhava os salões submersos da mansão da Foca. Não queria escutar os gritos.
Queria estar longe quando a senhora aquática terminasse com o aquele pobre
homem. "Não é minha culpa, não é
minha culpa" Ele repetia vez após vez e ainda assim não acreditava.
Ao longe um som indistinguível
chegou aos ouvidos da garota. Era um grito ou era um urro? Os peixes
continuavam sua dança tão devagar quanto era possível. Ela tapou os ouvidos com
as mãos. Tinha começado.